Prólogo: Anjo

1
Dizendo-se sábios tornaram-se tolos. Eis um pequeno resumo do que é a espécie humana. É isto que mostra a história, é isso que a cada dia mostram esses pobres mortais. Baseando-se apenas em sua ciência e em sua razão reconstruíram o mundo a sua volta com coisas que eram maravilhosas em sua visão. Puderam voar mais rápido que uma gaivota e descer no mais profundo dos oceanos. E com toda sua ciência dominaram a Terra.
Porém, tudo o que faziam era para satisfazer seu ego, e por terem se esquecido de Deus, estavam entregues a uma disposição mental reprovável. Tal disposição mental era responsável por fazer com que os homens não vissem sentido algum naquilo que faziam, e para achar este sentido, desenvolveram a maldade. Então a mesma idéia que deu asas ao homem se transformou em uma arma mortífera, o mesmo sistema que busca a riqueza e o lucro gerou pobreza e miséria.
Humanos. Pobres mortais. Não sabiam que tinham estragado o destino de sua espécie e acabaram gerando uma guerra, a pior que já tinham visto até então.

2

Eu sou Abaruc, anjo de Deus enviado para revelar a verdade. Venho contar a história de um garoto que viveu em um mundo conturbado. Seu nome era Igor, que em escandinavo quer dizer Guerreiro da Paz. Realmente essa foi a sua missão: trazer a paz e fazer com que a humanidade se lembrasse de Deus.
Igor foi uma espécie de profeta, porém só nasceria muito tempo depois daquela terrível Guerra.

3

É particularmente engraçado que os humanos, em seus estudos, se classifiquem no reino animal. Um animal, por mais irracional que seja, segue certos instintos biológicos, um deles é o de preservação da própria espécie. O ser humano é o único animal que pensa e é também o único que vê lucro e vantagens em destruir se semelhante. E pior: consegue ainda fazer a destruição em massa.
É por isto que as guerras são tão irracionais! E a pior de todas estava por vir. Em toda a sua arrogância os homens fazem guerras em nome disto e daquilo, mas não pensam nas conseqüências, a única coisa que importa é a sede pela vitória, porém não vêem que apenas perdem.
Quando a guerra estourou no meio do Oriente Médio e foi se alastrando pelo mundo, falou-se o mesmo que em todas as outras: Que seria uma guerra para acabar com todas as outras. Porém esta acabaria com quase toda a humanidade. Numa época em que as noticias corriam tão rápido, é extremamente notável que a destruição em massa causada por uma bomba chegasse antes da noticia.
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Os humanos podem ser mesquinhos e mais o que for, mas se há algo que é admirável neles é a vontade de viver. Os sobreviventes da bomba passaram terríveis provações, mas havia uma espécie de força que fazia com que a vontade de viver se manifestasse vorazmente. Pouco a pouco foi se restabelecendo todo o mundo. Porém o mundo seria irremediavelmente afetado pela guerra.
O mundo se viu irremediavelmente unificado pela tragédia. Apesar de tudo os sobreviventes decidiram que era bom que não houvesse nações, pois assim não haveria luta entre povos. A fé do mundo se havia perdido. Simplesmente a idéia de um Deus soberano e bom não cabia dentro de um mundo destruído.
Desta forma, foram alguns dos poucos cientistas que restaram que usaram da ciência para tentar reconstruir o mundo. Formou-se um grupo de doze cientistas e eles pouco a pouco conquistaram as pessoas, e o poder. Sem que ninguém percebesse o mundo havia se tornado uma ditadura, uma ditadura da ciência.
A ciência era o novo Deus. E a prova disto foi a criação da sede do governo, em Londres, um enorme prédio construído de vidro. Nós anjos preferimos chamá-lo de Catedral de vidro. No alto da Catedral de Vidro, havia um segredo...

Prologo